Texto sobre o colóquio - CLEPUL em Revista n.º41
Colóquio Internacional Mulheres Africanas
em Trânsito. Homenagem a Alda Alara
FLUL, 15 e 16 de Novembro de 2018
Inscreve
o grupo dois nas suas actividades programáticas a investigação sobre autores
que usaram e usam a língua portuguesa nas suas principais produções escritas.
Assim a troca de saberes e os olhares cruzados sobre as diferentes linhas de trabalho a decorrer
noutras universidades onde os estudos africanos têm lugar de destaque nos
diferentes conteúdos programáticos de formação e ensino são objecto de atenção
e análise pelo grupo 2. Nomes da poesia angolana (António Jacinto) ou do conto
de Moçambique tem sido pontes e formas de actualização e desdobramento das linhas de investigação e
de projectos que nos propomos organizar. O facto de uma das nossas
investigadoras ter sido nomeada fiel depositária do espólio da escritora
angolana Alda Lara levou-nos a pensar um colóquio internacional que a
homenageasse – dois dos seus filhos privilegiaram-nos com a sua presença e
apoio – e fosse ao mesmo tempo oportunidade para demanda sobre o que se faz e
discute em torno de um número grande de mulheres que escrevendo em língua
portuguesa passaram algum ou todo o tempo das suas vidas longe do inicial lugar
de fala. Interessou-nos reconstituir processos, lugares, leituras e momentos da
vida e da criação literária importantes para os novos sentidos das literaturas
dos países africanos onde se fala e escreve a língua portuguesa.
Assim o Colóquio Internacional Mulheres africanas em
Trânsito: homenagem a Alda Lara conseguiu pôr em diálogo especialistas em
Literaturas africanas de Portugal, Angola, Moçambique, Brasil e Itália, construindo um programa diversificado e simultaneamente
revelador da fertilidade dos estudos sobre a autoria feminina africana. Entre
as autoras estudadas, para além da homenageada Alda Lara, encontramos Lina
Magaia (Moçambique), Chimamanda Adichie (Nigéria), Conceição Evaristo (Brasil),
Maria Carolina de Jesus (Brasil), Rosária da Silva (Angola), Noémia de Sousa
(Moçambique), Paulina Chiziane (Moçambique), Deolinda Rodrigues (Angola), Eva
Rap Diva (Angola), Odete Semedo (Guiné Bissau), Conceição Lima (São Tomé e
Príncipe), Eneida Kelly, Orlanda Amarílis e Vera Duarte (Cabo Verde).
Igualmente
no âmbito do Colóquio foi preparada e apresentada uma exposição de homenagem a
Alda Lara, na Galeria da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, onde foi possível expôr alguns documentos gentilmente cedidos pelos
familiares – outros estavam já na posse da nossa investigadora Ana Paula
Bernardo, que tem trabalhado o espólio – como, por exemplo, fotografias da
infância e da juventude, o diploma universitário, a certidão do casamento com
Orlando de Albuquerque, várias publicações na imprensa e em livro, correspondência,
bem como inéditos manuscritos e dactilografados pela autora.
Ficou
sobretudo a vontade de continuar a fomentar esta reflexão e este diálogo
internacional que encontra o seu ponto de partida em África, mas que aponta
para o mundo, para o trânsito que é hoje imanente à condição humana em geral e
feminina em particular e que a vai, aos poucos, transformando.
Ana Paula Tavares e
Rosa Fina
Publicado online aqui.
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